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segunda-feira, 30 de julho de 2007
Einhorn
domingo, 29 de julho de 2007
sexta-feira, 27 de julho de 2007
Adélia Prado
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas, as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora, trinta anos depois.
Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra. Meus filhos me repudiaram envergonhados, meu marido ficou triste até a morte, eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
"Poesia Reunida", Editora Siciliano - 1991, São Paulo, página 108.
sábado, 21 de julho de 2007
Uma tormenta vinda do Acre
O Acre faz fronteira com a Amazônia, Rondônia, Bolívia e Peru. Cortada por rios, a terra de Chico Mendes tem bem mais do que seiva, castanhas, gado e kampô para oferecer. De lá, a banda Los Porongas, que se apresentou no último fim de semana no Itaú Cultural, em São Paulo, deixa uma impressão forte por onde passa: como eu ainda não conhecia o trabalho desses quatro caras?! Diogo Soares, vocalista, e João Eduardo, guitarrista, se conheceram na Universidade Federal do Acre. Em 2002, eles uniram forças com o baixista Márcio Magrão e com o bateirista Jorge Anzol. O encontro resultou nos Los Porongas, banda de rock que ultrapassa os seringais amazônicos. Eles se apresentaram no teatro (diga-se de passagem da melhor qualidade) do Itaú Cultural sexta, sábado e domingo. Em cena, a formação instrumental (baixo, bateria e guitarra) e uma unidade da dar inveja a muitos grupos com anos de estrada. Os 4 rapazes intepretaram canções de uma poesia maledicente. Em alguns momentos, quase em transe, a banda transportava o público para outros lugares, "destino clandestino algum", como bradava o vocalista Diogo Soares. Vale ressaltar uma fala do mesmo. "Qual o som que nós fazemos? A gente não sabe." Bom, a platéia em peso sabia porque estava lá: rock and roll. A certa altura do show, os Porongas fizeram uma homenagem à primeira banda de rock acreana, lá dos idos 80, o grupo Kapu. "Cortante como a lâmina da língua", as composições autorais dos Los Porongas cruzaram as fronteiras do circuito Acre-Rondônia. No bis, os rapazes reinterpretaram "Come Together" dos Beathes. Quem viu, viu. Foi lindo! Com uma produção cuidadosa, sem brechas, a equipe do Itaú Cultural soube armar a mesa para os Los Porongas se esbaldarem. Destaque para o belo desenho de luz de J. F. Batista, que soube dialogar com a poesia das letras e com o peso da guitarra. Se você quiser conhecer o som da banda acesse www.myspace.com/losporongas ou dê uma navegada pelo site www.b-log.net/losporongas/ ou vá até o endereço do Itaú Cultural na net e escute o programa Estéreo Saci. Vale a pena conferir!
terça-feira, 17 de julho de 2007
De João para Elis
Há alguns dias, fiz uma entrevista com João Marcelo Bôscoli, diretor da gravadora Trama e filho de Elis Regina, para a Rádio Guarani FM, de BH. Durante a conversa, que era sobre o Download remunerado (logo mais falo sobre isso aqui), perguntei se a família não iria escrever uma biografia autorizada sobre Elis. Já li a da jornalista Regina Echeverria, "Furacão Elis", (que a família e amigos não aprovam) e tive vontade de mais. Saber mais, ter mais detalhes, mais depoimentos, mais momentos da cantora, da mãe, da mulher que Elis foi. João me disse que ele ainda não tem a intenção de escrever uma biografia, mas que prepara o lançamento de um livro com imagens de Elis. Uma timeline (uma linha do tempo) com fotos da cantora e de todas as "modas" que ela lançou e influenciou. Ou seja: mostrar como a moda foi importante para a cantora e vice-versa. Como uma saia mais curta, um corte de cabelo, uma bata, uma flor e coisas delicadas do tipo lançaram tendências e mudaram costumes. Achei a idéia fantástica! Afinal, mesmo depois de 25 anos da morte de Elis, ela ainda é uma das maiores intérpretes do Brasil. Para você ter uma idéia, o dvd Elis Regina - MPB Especial, de 1973, relançado pela gravadora Trama, vendeu mais de 200 mil cópias. Já a edição especial Elis Regina Carvalho Costa, relançada pela rede Globo, já é dvd duplo de platina. Público cativo e ávido para saber mais sobre Elis existe. João Marcelo Bôscoli não revelou nem o nome e nem a editora do livro, mas garantiu que até o final do ano o exemplar chega às lojas. Eu fico na espera.
domingo, 15 de julho de 2007
Bob Tostes ou a arte de ir além
Não conheço a idade de você leitor-internauta-passante por essas plagas, mas muitos irão se lembrar da melhor loja de discos que já existiu em BH: a loja do Bob Tostes. Para começar, o moço é de uma finura insana, elegante que só ele, jornalista da mais alta categoria (a prateleira dele é lá em cima) e, além de tudo, canta, canta que é uma beleza. De Bob tenho dois discos: "Sessão Dupla - Novas Bossas", com a irmã Suzana, e "Sinatra in Bossa - Call me irresponsible" (o meu preferido). Amigo de longa data de Roberto Menescal, Bob foi convidado pelo chará para gravar um disco direcionado para o infinito mercado japonês. Para quem não sabe, o selo Albatroz, de Menescal, tem grande inserção na terra do sol nascente. Bom, voltando ao Bob, ele aceitou (graças a Deus) o convite de Menescal e gravou 13 canções eternizadas na voz de Frank Sinatra, só que em ritmo de bossa. Você consegue imaginar isso? Pois é, sofisticadíssimo. Bob desliza pelas letras de Cole Porter, Sammy Cahn e Johny Mercer sem perder, minuto algum, a reverência a Sinatra. Tanto que o subtítulo do disco é "Call me irresponsible". Pode tamanha delicadeza?! Com direção, produção, arranjos, guitarra e violões de Menescal, os dois Robertos conseguiram fazer um registro único de músicas que fazem parte de nossas vidas. Call me irresponsible é também o título de uma das faixas com a batida mais tocante, assim como The Lady is a tramp e Just in time. Sinatra in Bossa também foi lançado aqui no Brasil. Indico o disco para aqueles que amam música, acima de tudo, e que, sempre, vão suspirar com a Bossa Nova e com a delicadeza de uma voz aveludada.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Jules et Jim
quinta-feira, 12 de julho de 2007
O Tum Tum Tum de Déa Trancoso
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Ganhei de um amigo
Em solo medo...
Desassossego,
Pavimentaste o caminho da primavera,
Com gelo.
Teu amor vejo.
Teu medo,
Percebo.
Petronio Souza Gonçalves
terça-feira, 10 de julho de 2007
Receita para uma noite inquieta (ou Hilda Hilst)
Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.
Do desejo
Hilda Hilst
Seu Jorge e Robertinho Brant
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Celso Adolfo e o Ofício da Música
Jay Lou Ava - parte 2
sábado, 7 de julho de 2007
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Projeto Lab e Diesel U Music
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Continuum
Os alquimistas estão chegando os alquimistas
Estão chegando os alquimistas
Eles são discretos e silenciosos
Moram bem longe dos homens
Escolhem com carinho a hora
E o tempo do seu precioso trabalho
São pacientes, assíduos e perseverantes
Executam, segundo as regras herméticas
Desde a trituração a fixação
A destilação e a coagulação
Trazem consigo cadinhos
Vasos de vidro, copos de louça
Todos bem, e iluminados
Evitam qualquer relação com pessoas
De temperamento sórdido
Os alquimistas estão chegando
Estão chegando os alquimistas
Jorge Ben Jor