DANÇA: O que cria? O que estabelece?
20/12/2007 Brigitte Luiza Guminiak
Num mundo eminentemente materialista, a valorização do corpo, está se
tornando a única dimensão humana ainda a ser explorada, já que a
conscientização do corpo permite estabelecer o que se quer fazer com
ele, numa percepção cada vez mais individualizada e otimizada da
própria imagem no mundo moderno.
Se antes o corpo era considerado um problema, já que era necessário
controlá-lo, impondo limites à expressividade corporal, por ser
considerado inferior à alma e liberá-lo significava aderir à
lascívia e à luxúria, na contemporaneidade, a visão e o
entendimento do próprio corpo vem tomando uma dimensão cada vez mais
cativa, já que expressa autoconhecimento, além de ser uma forma de se
relacionar com o mundo.
Assim considerando, a dança, ou o "estado de dança" em que se
encontra um dançarino, pode ser conceituado como um estado de
felicidade, ao qual o corpo se abandona. É um largar-se á vida em
espontaneidade, em graça e harmonia para com a imagem dele mesmo. É
uma poética corporal, o "eu lírico" que se expressa em forma de
gestos, movimentos rítmicos com ou sem a música.
Os movimentos harmoniosos da dança criam sensações de liberdade,
emoção que enleia e libera os sentidos antes controlados e
reprimidos.
Embora sendo gestos reais, apresentados com técnica e destreza, a
dança é imaginária, virtual, já que não é o corpo real que
gesticula, mas a personagem criada pela dança, com emoções,
expressividade, intenções próprias da personagem, formulando um
mundo ilusório, outra realidade vivida pelo corpo que dança.
Para Weil e Tompakow (2007:259) é impossível tornarmos-nos
conscientes das nossas posturas e querermos controlá-las, pois o
conhecimento de nós mesmos faz com que queiramos nos libertar dos
reflexos condicionados e nos apropriarmos de nós mesmos e isso a
dança proporciona, já que cria uma linguagem silenciosa do corpo
traduzindo a verdade nua e crua acerca dos sentimentos e emoções,
estabelecendo uma relação de conhecimento do mundo em harmonia com o
Ser.
Isso significa que o corpo que dança executa movimentos cinéticos
que sensibilizam tanto quem os assiste como o próprio dançarino, já
que utiliza uma linguagem simbólica que transcende a simples técnica,
haja vista ser motivada pela imaginação do movimento expressivo
despertando encanto, desejo e emoção.
A dança sobreviveu às imposições religiosas, que passou a ser
encarada como uma manifestação do Mal e do pecado, dando uma
conotação puramente sexual e demoníaca, muito embora fosse
apresentada em festejos religiosos e apreciada em sarais
aristocráticos.
A evolução cultural proporcionou à dança oportunidade de pensar o
próprio corpo, seus limites, seus medos e a imagem que se tem e se faz
desse corpo, transformando o movimento, o gesto em um pensar
diferenciado do próprio ato de pensar.
E pensar o corpo em movimento e o seu significado tem que ser
analisado no momento da realização da dança, já que o estado de
dança se esgota nele mesmo, isto é, o momento da realização da
dança não se repete, ela se finda no final do ato. A técnica pode
ser repetida, mas a expressividade, a emoção, o encanto, dificilmente
se repetirão numa segunda apresentação.
A efemeridade do movimento significativo revelado no estado de dança
pode ser entendida como uma disposição humana a uma vida feliz,
destituída de amarras e limites e como uma forma de conhecimento do
mundo e do outro.
Essa nova postura frente ao pensar a dança oferece um exercício
inovador, pois reivindica novos entendimentos estéticos, morais e até
mesmo políticos, o que proporciona uma discussão acerca do movimento e
das relações entre corpo e mente, corpo e mundo.
20/12/2007 Brigitte Luiza Guminiak
Num mundo eminentemente materialista, a valorização do corpo, está se
tornando a única dimensão humana ainda a ser explorada, já que a
conscientização do corpo permite estabelecer o que se quer fazer com
ele, numa percepção cada vez mais individualizada e otimizada da
própria imagem no mundo moderno.
Se antes o corpo era considerado um problema, já que era necessário
controlá-lo, impondo limites à expressividade corporal, por ser
considerado inferior à alma e liberá-lo significava aderir à
lascívia e à luxúria, na contemporaneidade, a visão e o
entendimento do próprio corpo vem tomando uma dimensão cada vez mais
cativa, já que expressa autoconhecimento, além de ser uma forma de se
relacionar com o mundo.
Assim considerando, a dança, ou o "estado de dança" em que se
encontra um dançarino, pode ser conceituado como um estado de
felicidade, ao qual o corpo se abandona. É um largar-se á vida em
espontaneidade, em graça e harmonia para com a imagem dele mesmo. É
uma poética corporal, o "eu lírico" que se expressa em forma de
gestos, movimentos rítmicos com ou sem a música.
Os movimentos harmoniosos da dança criam sensações de liberdade,
emoção que enleia e libera os sentidos antes controlados e
reprimidos.
Embora sendo gestos reais, apresentados com técnica e destreza, a
dança é imaginária, virtual, já que não é o corpo real que
gesticula, mas a personagem criada pela dança, com emoções,
expressividade, intenções próprias da personagem, formulando um
mundo ilusório, outra realidade vivida pelo corpo que dança.
Para Weil e Tompakow (2007:259) é impossível tornarmos-nos
conscientes das nossas posturas e querermos controlá-las, pois o
conhecimento de nós mesmos faz com que queiramos nos libertar dos
reflexos condicionados e nos apropriarmos de nós mesmos e isso a
dança proporciona, já que cria uma linguagem silenciosa do corpo
traduzindo a verdade nua e crua acerca dos sentimentos e emoções,
estabelecendo uma relação de conhecimento do mundo em harmonia com o
Ser.
Isso significa que o corpo que dança executa movimentos cinéticos
que sensibilizam tanto quem os assiste como o próprio dançarino, já
que utiliza uma linguagem simbólica que transcende a simples técnica,
haja vista ser motivada pela imaginação do movimento expressivo
despertando encanto, desejo e emoção.
A dança sobreviveu às imposições religiosas, que passou a ser
encarada como uma manifestação do Mal e do pecado, dando uma
conotação puramente sexual e demoníaca, muito embora fosse
apresentada em festejos religiosos e apreciada em sarais
aristocráticos.
A evolução cultural proporcionou à dança oportunidade de pensar o
próprio corpo, seus limites, seus medos e a imagem que se tem e se faz
desse corpo, transformando o movimento, o gesto em um pensar
diferenciado do próprio ato de pensar.
E pensar o corpo em movimento e o seu significado tem que ser
analisado no momento da realização da dança, já que o estado de
dança se esgota nele mesmo, isto é, o momento da realização da
dança não se repete, ela se finda no final do ato. A técnica pode
ser repetida, mas a expressividade, a emoção, o encanto, dificilmente
se repetirão numa segunda apresentação.
A efemeridade do movimento significativo revelado no estado de dança
pode ser entendida como uma disposição humana a uma vida feliz,
destituída de amarras e limites e como uma forma de conhecimento do
mundo e do outro.
Essa nova postura frente ao pensar a dança oferece um exercício
inovador, pois reivindica novos entendimentos estéticos, morais e até
mesmo políticos, o que proporciona uma discussão acerca do movimento e
das relações entre corpo e mente, corpo e mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WEIL, Pierre e TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala- a linguagem silenciosa da
comunicação não-verbal. Petrópolis, 62ª ed. Vozes, 2007.
MEYER, Sandra. Dança e Filosofia ? Disponível em
www.culturaemrede.org, acessado em 03/11/2007
AVELLAR, Marcello Castilho. O Corpo é a memória da
dança.Disponível em idanca.net, acessado em 03/11/07
professora de literatura e assessora jurídica.Pós graduada em Gestão
de Políticas Públicas,cursando especialização Filosofia da Arte
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