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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Os melhores de 2007
Na categora Música, a inglesa Amy Winehouse com o chacoalhante "Back to Black Deluxe Edition" foi o destaque internacional. Mesmo com uma conturbada vida pessoal, o talento da moça foi o que ficou em primeiro plano. Do subúrbio de Southgate para o mundo, Amy foi e voltou da reabilitação e ainda deu uma nova cara para o jazz e o R&B.
Teve gente que chamou de fome de pop, mas o cd Fome de Tudo, o último do conglomerado de idéias intitulado Nação Zumbi, foi o melhor lançamento de 2007. A Nação fechou com o selo Deckdisc e deu um salto desde Futura. O nome diz tudo - Fome de Tudo - de rock, dub, maracatu, baião, pop, ciranda e o que cair na rede da trupe de Recife. Palmas para Jorge, Lucio, Pupillo, Dengue, Toca Ogan e Gilmar Bola 8. Concordo com Zeroquatro, Fome de Tudo é um disco antológico!
www.fomedetudo.com.br
Já no quesito exposições fico com o trabalho de um mineiro e de um soteropolitano radicado no Rio. O fotógrafo Rodrigo Albert, vencedor do prêmio Pierre Verger, e o grafiteiro Toz foram os destaques nas artes plásticas. Ambos expuseram na galeria Carminha Macedo. Além de responsável pelo delicado espaço, ela é uma excelente curadora. O primeiro inundou as paredes da galeria com fotos em diferentes formatos que vão muito além de um olhar etnográfico. Rodrigo capta poesia. Já Toz e seus incríveis personagens (Nina, Shimu e o Bebê Idoso) ultrapassaram as convencionais paredes e tomaram conta dos muros, teto, corrimão e o que passou na frente. Para quem ainda considera grafite vandalismo, procurem pelo trabalho de Toz na internet. Vale à pena!
Nas artes cênicas, destaque para o ACTO1 - Encontro de Teatro, que reuniu os grupo Espanca! (MG), Teatro XIX (SP) e Companhia Brasileira de Tetro (PR). O teatro Dom Silvério abrigou 2 montagens, Por Elise e Suíte 1. Já o Museu Mineiro abriu as portas para Hysteria. As palestras, ponto alto e profundo do encontro, foram no Espaço Cultural Ambiente. Muito me incomoda quando dizem que aquela peça é feita para a classe. Peça boa é boa e pronta. Algumas, como as 3 que estavam no ACTO1, são fabulosas. Faltou público e divulgação, mas a intensidade e a vida no palco borbulharam!
Na sétima arte, fico com o documentário Jogo de Cena. O então último filme de Eduardo Coutinho é uma amostra da capacidade do cineasta de retirar de qualquer pessoa uma boa história. É impressionante como ele enreda público, equipe e personagens em seu roteiro.
A coleção de textos com as 10 montagens do Grupo Galpão, à venda no site do Grupo, é de tirar o fôlego. Editar teatro, registrar 10 peças dentre elas montagens de rua e peças de palco, reunir memória e ato e ainda vender tudo a preço mais do que popular (15 reais cada livro), merece palmas! Segundo Nelson Rodrigues, melhor que o aplauso, só a vaia. No caso do Galpão, o aplauso é efusivo.
www.grupogalpao.com.br
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Prêmio estadual de literatura
Já estão abertas as inscrições para o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura. Dos R$ 212 mil reais a serem distribuídos, R$ 120 mil foram entregues ao professor e ensaísta Antonio Candido de Mello e Souza pelo Conjunto da Obra. Para as categorias Poesia e Ficção, R$ 25 mil, respectivamente, estão separados. E para o vencedor na categoria Jovem Escritor Mineiro, uma bolsa de R$ 7 mil durante seis meses. As inscrições podem ser feitas até o dia 29 de fevereiro de 2008, na Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (Superintendência de Ação Cultural – Praça da Liberdade, 317, Funcionários, BH/MG – Cep.: 30140.010), das 10 às 17 horas. Informações: (31) 3269-1072 ou www.cultura.mg.gov.br
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
30 anos de palco
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
De volta ao mundo dos vivos
Dona Doida
de Adélia Prado
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
Desejo a mim e aos meus amigos mais poesia na vida, mais tempo e coragem!