segunda-feira, 30 de julho de 2007

Einhorn

São 60 anos dedicados à gaita. Parcerias com Nina Simone, Sérgio Mendes, Toots Thielemans, Eumir Deodato, Ron Carter e João Donato. O músico Maurício Einhorn se apresentou pela segunda vez, este ano, em BH. No palco do projeto Domingo na Praça, a primeira vez foi em maio durante a Festa da Música, Einhorn mais uma vez deixou a platéia alucinada. O quarteto formado por Alberto Chimelli (teclados), Luiz Alves (baixo), João Cortez (bateria) e Maurício Einhorn (gaita) encantou homens e mulheres, crianças e adultos, músicos e transeuntes. O efeito foi coletivo! Era impressionante o olhar embasbacado de alguns jovens que nunca tinham visto Einhorn tocar ou de habitués de seções de jazz cantarolarem cada. E olha, o frio não perdoou: 17 graus. No repertório, pérolas como Curta Metragem (autoral), Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro (1937), Manhã, de Antonio Maria e Luiz Bonfá (1958) e, lógico, Corcovado, de Tom Jobim (1960). Para Einhorn, músicas “foreves”, citando o “filósofo” Mussum. Bem humorado e sedutor, Einhorn se entregou às improvisações com uma desenvoltura de mestre. No final, sem bis, a platéia em peso aplaudiu e ficou com gostinho de quero mais.

domingo, 29 de julho de 2007

Essa "Nega" ou esse "nega" aí de cima foi clicado pelo fotógrafo Rodrigo Albert. A foto também integra a exposição do artista em cartaz na galeria Carminha Macedo, em BH. Rodrigo (ou Magu) conseguiu reunir em algumas fotos registros de projetos e trabalhos que mesclam identidade, diversidade, inserção e desejo. Seja o menino com a bola nos pés (ou a espera dela), o sorriso maroto do catador de papel, a tatuagem no lado esquerdo do peito ou o céu-inferno capturado atrás das grades da prisão, tudo o que foi registrado contêm a força de uma idéia levada às últimas consequências. Sem ser feminino, muito pelo contrário, mas extremamente delicado e bem humorado, Magu (ou Rodrigo) compôs o ensaio "Identidade Cultural Brasileira". Cores, homens, contornos e tempos foram capturados pelo curioso olhar de Albert. Ganhador do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2005/2006, Rodrigo explora um tema que há muito tempo nos toca: a identidade do povo brasileiro. Sem bússola ou mapa, ele percorre trilhas muito peculiares e consegue alcançar imagens que ultrapassam o real. Para conhecer o trabalho do jovem artista acesse www.rodrigoalbert.com e deixe-se levar.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Adélia Prado

Dona Doida

Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas, as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora, trinta anos depois.
Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra. Meus filhos me repudiaram envergonhados, meu marido ficou triste até a morte, eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.

"Poesia Reunida", Editora Siciliano - 1991, São Paulo, página 108.

sábado, 21 de julho de 2007

Uma tormenta vinda do Acre


O Acre faz fronteira com a Amazônia, Rondônia, Bolívia e Peru. Cortada por rios, a terra de Chico Mendes tem bem mais do que seiva, castanhas, gado e kampô para oferecer. De lá, a banda Los Porongas, que se apresentou no último fim de semana no Itaú Cultural, em São Paulo, deixa uma impressão forte por onde passa: como eu ainda não conhecia o trabalho desses quatro caras?! Diogo Soares, vocalista, e João Eduardo, guitarrista, se conheceram na Universidade Federal do Acre. Em 2002, eles uniram forças com o baixista Márcio Magrão e com o bateirista Jorge Anzol. O encontro resultou nos Los Porongas, banda de rock que ultrapassa os seringais amazônicos. Eles se apresentaram no teatro (diga-se de passagem da melhor qualidade) do Itaú Cultural sexta, sábado e domingo. Em cena, a formação instrumental (baixo, bateria e guitarra) e uma unidade da dar inveja a muitos grupos com anos de estrada. Os 4 rapazes intepretaram canções de uma poesia maledicente. Em alguns momentos, quase em transe, a banda transportava o público para outros lugares, "destino clandestino algum", como bradava o vocalista Diogo Soares. Vale ressaltar uma fala do mesmo. "Qual o som que nós fazemos? A gente não sabe." Bom, a platéia em peso sabia porque estava lá: rock and roll. A certa altura do show, os Porongas fizeram uma homenagem à primeira banda de rock acreana, lá dos idos 80, o grupo Kapu. "Cortante como a lâmina da língua", as composições autorais dos Los Porongas cruzaram as fronteiras do circuito Acre-Rondônia. No bis, os rapazes reinterpretaram "Come Together" dos Beathes. Quem viu, viu. Foi lindo! Com uma produção cuidadosa, sem brechas, a equipe do Itaú Cultural soube armar a mesa para os Los Porongas se esbaldarem. Destaque para o belo desenho de luz de J. F. Batista, que soube dialogar com a poesia das letras e com o peso da guitarra. Se você quiser conhecer o som da banda acesse www.myspace.com/losporongas ou dê uma navegada pelo site www.b-log.net/losporongas/ ou vá até o endereço do Itaú Cultural na net e escute o programa Estéreo Saci. Vale a pena conferir!

terça-feira, 17 de julho de 2007

De João para Elis


Há alguns dias, fiz uma entrevista com João Marcelo Bôscoli, diretor da gravadora Trama e filho de Elis Regina, para a Rádio Guarani FM, de BH. Durante a conversa, que era sobre o Download remunerado (logo mais falo sobre isso aqui), perguntei se a família não iria escrever uma biografia autorizada sobre Elis. Já li a da jornalista Regina Echeverria, "Furacão Elis", (que a família e amigos não aprovam) e tive vontade de mais. Saber mais, ter mais detalhes, mais depoimentos, mais momentos da cantora, da mãe, da mulher que Elis foi. João me disse que ele ainda não tem a intenção de escrever uma biografia, mas que prepara o lançamento de um livro com imagens de Elis. Uma timeline (uma linha do tempo) com fotos da cantora e de todas as "modas" que ela lançou e influenciou. Ou seja: mostrar como a moda foi importante para a cantora e vice-versa. Como uma saia mais curta, um corte de cabelo, uma bata, uma flor e coisas delicadas do tipo lançaram tendências e mudaram costumes. Achei a idéia fantástica! Afinal, mesmo depois de 25 anos da morte de Elis, ela ainda é uma das maiores intérpretes do Brasil. Para você ter uma idéia, o dvd Elis Regina - MPB Especial, de 1973, relançado pela gravadora Trama, vendeu mais de 200 mil cópias. Já a edição especial Elis Regina Carvalho Costa, relançada pela rede Globo, já é dvd duplo de platina. Público cativo e ávido para saber mais sobre Elis existe. João Marcelo Bôscoli não revelou nem o nome e nem a editora do livro, mas garantiu que até o final do ano o exemplar chega às lojas. Eu fico na espera.

domingo, 15 de julho de 2007

Bob Tostes ou a arte de ir além


Não conheço a idade de você leitor-internauta-passante por essas plagas, mas muitos irão se lembrar da melhor loja de discos que já existiu em BH: a loja do Bob Tostes. Para começar, o moço é de uma finura insana, elegante que só ele, jornalista da mais alta categoria (a prateleira dele é lá em cima) e, além de tudo, canta, canta que é uma beleza. De Bob tenho dois discos: "Sessão Dupla - Novas Bossas", com a irmã Suzana, e "Sinatra in Bossa - Call me irresponsible" (o meu preferido). Amigo de longa data de Roberto Menescal, Bob foi convidado pelo chará para gravar um disco direcionado para o infinito mercado japonês. Para quem não sabe, o selo Albatroz, de Menescal, tem grande inserção na terra do sol nascente. Bom, voltando ao Bob, ele aceitou (graças a Deus) o convite de Menescal e gravou 13 canções eternizadas na voz de Frank Sinatra, só que em ritmo de bossa. Você consegue imaginar isso? Pois é, sofisticadíssimo. Bob desliza pelas letras de Cole Porter, Sammy Cahn e Johny Mercer sem perder, minuto algum, a reverência a Sinatra. Tanto que o subtítulo do disco é "Call me irresponsible". Pode tamanha delicadeza?! Com direção, produção, arranjos, guitarra e violões de Menescal, os dois Robertos conseguiram fazer um registro único de músicas que fazem parte de nossas vidas. Call me irresponsible é também o título de uma das faixas com a batida mais tocante, assim como The Lady is a tramp e Just in time. Sinatra in Bossa também foi lançado aqui no Brasil. Indico o disco para aqueles que amam música, acima de tudo, e que, sempre, vão suspirar com a Bossa Nova e com a delicadeza de uma voz aveludada.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Jules et Jim

Le tourbillon

Elle avait des bagues à chaque doigt,
Des tas de bracelets autour des poignets,
Et puis elle chantait avec une voix
Qui, sitôt, m'enjôla

Elle avait des yeux, des yeux d'opale,
Qui m'fascinaient, qui m'fascinaient
Y avait l'ovale de son visage pâle
De femme fatale qui m'fut fatal {2x}

On s'est connus, on s'est reconnus,
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus d'vue
On s'est retrouvés, on s'est réchauffés,
Puis on s'est séparés

Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie
Je l'ai revue un soir, aïe, aïe, aïe!
Ça fait déjà un fameux bail {2x}

Au son des banjos je l'ai reconnu
Ce curieux sourire qui m'avait tant plu
Sa voix si fatale, son beau visage pâle
M'émurent plus que jamais

Je me suis soûlé en l'écoutant
L'alcool fait oublier le temps
Je me suis réveillé en sentant
Des baisers sur mon front brûlant {2x}

On s'est connus, on s'est reconnus,
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus de vue,
On s'est retrouvés, on s'est séparés,
Puis on s'est réchauffés

Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie.
Je l'ai revue un soir ah là là
Elle est retombée dans mes bras {2x}

Quand on s'est connus, Quand on s'est reconnus,
Pourquoi s'perdre de vue, Se reperdre de vue?
Quand on s'est retrouvés, Quand on s'est réchauffés,
Pourquoi se séparer?

Alors tous deux, on est repartis
Dans l'tourbillon de la vie
On a continué à tourner
Tous les deux enlacés {3x}

Letra: G.Bassiak
Música: Georges Delerue
1962
intérpretes: Jeanne Moreau e Vanessa Paradis

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O Tum Tum Tum de Déa Trancoso

"Em volta do fogo todo mundo tem que abrir o jogo". Seja cantando ou falando essa frase, Déa Trancoso conseguiu algo que poucas vezes artistas alcançam (ou até mesmo tentam): transformar palco e platéia em um só espaço. Só, como no começo do show, ou ao lado da trinca "tum tum tum" iluminada, Tabajara Belo - Andre Siqueira - Serginho Silva, Déa levou para a Biblioteca mais que música, poesia ou arte. Ela instarou o momento do sagrado. Ao lado da Guarda de Catopês de Bocaiuva, segurando o microfone como um bandeira benta do Rosário ou dançando, Déa era puro encanto. Platéia, músicos, catopês, todos ao alcance da voz melodiosa e potente de uma cantora que sabe como poucas escolher o repertório que lhe sobe o sangue. Sentada ou de pé, tanto faz, Déa era só emoção. A cobra coral "Tupinambá", o lundu "Passarinho Pintadinho", o coro de "Luandas", a cada música o público queria mais e mais e mais. Muito me impressiona ouvi-la tão pouco em nossas rádios. Ainda mais saber que a bela moça comunicadora de Almenara concorreu ao prêmio Tim 2007 e em quatro categorias. Que artesã da voz! Evã, Evoé, Déa Trancoso. Que seu tum, tum, tum ecoe pelos mares de montanhas e por outras praias dessas Minas e de outras gerais.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Ganhei de um amigo

Deste-me o degredo
Em solo medo...
Desassossego,
Pavimentaste o caminho da primavera,
Com gelo.
Teu amor vejo.
Teu medo,
Percebo.

Petronio Souza Gonçalves

terça-feira, 10 de julho de 2007

Receita para uma noite inquieta (ou Hilda Hilst)



Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.

Do desejo
Hilda Hilst

Seu Jorge e Robertinho Brant

Seu Jorge ganhou o mundo. De Belford Roxo para Hollywood, o músico carioca trilhou uma carreira de sucesso no teatro, no cinema e na música. Jorge Mário da Silva, ou melhor, Seu Jorge, deixa admiradores por onde passa. Nos Estados Unidos, o álbum Cru foi bastante elogiado pelo crítico do New York Times, Ben Ratliff. Responsável pela biografia de Jonh Coltrane, Ratliff ressaltou a delicadeza e emoção de duas músicas: Fiore de la Cittá e Una Mujer, ambas compostas pelo músico mineiro Robertinho Brant. Na França, o site Médiathéque também elogiou a parceria de Seu Jorge e Robertinho Brant. O primeiro como um intérprete de personalidade e o segundo como um excelente compositor. A parceria entre Seu Jorge e Robertinho não para por aí. Os dois compuseram juntos a música Rainha do Meu Samba, gravada por Paula Santoro, e, no próximo disco de Robertinho, que será lançado ainda este ano, Seu Jorge faz uma participação especial.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Celso Adolfo e o Ofício da Música

Com sete discos na bagagem e muita estrada pela frente, o cantor e compositor Celso Adolfo participa, terça, do projeto OFÍCIO DA MÚSICA. O Museu de Artes e Ofícios, belo projeto de difusão da memória criado pela empresária Angela Gutierrez, abre as portas para o cantor. Criado em 2007, o projeto Ofício da Música chega à quarta edição. Celso Adolfo apresenta as canções do disco Voz, violão e algumas dobras às 7 e meia da noite, no Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação. A entrada é gratuita. Ah... o músico prepara, para 2008, o lançamento do oitavo álbum: Estrada Real de Villa Rica. Fico na espera!

Jay Lou Ava - parte 2

Chamado pela imprensa francesa de “guitarrista celeste”, Jay Lou Ava é um dos maiores nomes do jazz atual. Jay Lou nasceu na República de Camarões, na África Central. Por influência do pai e dos tios, todos integrantes de um grupo gospel, Jay Lou começou a se interessar por música ainda cedo. O primeiro concerto solo foi aos 14 anos, mas quando ouviu Duke Ellington, Charlie Parker e Wes Montgomery, a vida de Jay Lou Ava mudou. O jazz passou a ser a grande paixão do jovem músico. Depois de se mudar para Paris, onde completou os estudos de engenharia da informação, Jay Lou passou a tocar na noite. A mistura inusitada do jazz com os ritmos africanos que Jay Lou improvisava nos palcos franceses deu origem ao Afro Jazz Progressivo. Jay Lou começou a fazer arranjos para grandes nomes como Donny Elwood e Manu Dibango. Em 2006, Jay Lou Ava lançou seu quarto disco “Ebotan” que significa benção. Com um virtuosismo discreto, um groove inigualável e uma paixão pelos ritmos africanos, Jay Lou Ava é um jazzman que merece destaque. www.jaylou-ava.com/

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Projeto Lab e Diesel U Music

Uma banda mineira está na final do concurso Diesel U Music. O Projeto Lab, formado pelo baixista Thiago Braga e pelo cantor e produtor Daniel Lima, é um dos finalistas do concurso da marca italiana. O Diesel U Music é um espaço para músicos independentes de todo o mundo mostrarem seus trabalhos em três categorias: electro/dance, rock/indie e urban/hiphop. Em cada uma, 10 artistas ou grupos chegam à semifinal. Depois, apenas 10, dentre todos, são selecionados. Os felizardos embarcam para Londres, em outubro, onde se apresentam. Nesta edição, concorrem artistas do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, França, Canadá, Suécia e Bélgica. De Minas, concorre o Projetio Lab. Do Rio de Janeiro, o músico Marcelo B, com uma faixa eletrônica. Criado há 2 anos, o Projeto Lab é fruto da pesquisa de Thiago e Daniel. Trancados em um estúdio, os dois experimentam, testam e desbravam novos sons. Como finalistas do Diesel U Music 2007, eles, agora, preparam um show para agosto. Para conhecer o trabalho do Projeto Lab acesse www.purevolume.com/projetolab ou www.diesel.com

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Continuum

Não deixem de ler a revista Continuum, nova publicação do Itaú Cultural. A primeira edição acaba de ser lançada. Para conferir esse novo espaço de reflexão sobre a arte e a cultura basta acessar o site itaucultural.org.br . Ah... na versão virtual, os usuários cadastrados também podem postar matérias. O tema do primeiro exemplar é TEMPO DA ARTE, ARTE DO TEMPO. Literatura, cinema, dança, música. Tem solfejo de tudo isso por lá. Inclusive uma entrevista com o físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser. De Picasso a Einstein, Mahler a Kubrick, Marcelo Gleiser desfia um rosário de questões pertinentes como a não predeterminação (a que eu mais gosto), ou seja, falhas existem e é graças a elas que estamos aqui. Filosofês à parte, tem até listinha de livros e filmes atemporais. Vale à pena conferir!

Os alquimistas estão chegando os alquimistas

Os alquimistas estão chegando
Estão chegando os alquimistas
Eles são discretos e silenciosos
Moram bem longe dos homens
Escolhem com carinho a hora
E o tempo do seu precioso trabalho
São pacientes, assíduos e perseverantes
Executam, segundo as regras herméticas
Desde a trituração a fixação
A destilação e a coagulação
Trazem consigo cadinhos
Vasos de vidro, copos de louça
Todos bem, e iluminados
Evitam qualquer relação com pessoas
De temperamento sórdido
Os alquimistas estão chegando
Estão chegando os alquimistas

Jorge Ben Jor